terça-feira, 24 de junho de 2014

Nutrição - Alimentos com efeitos medicinais

A alimentação e consequentemente os alimentos que ingerimos, são um dos aspetos mais importantes para a melhoria e manutenção de uma boa saúde.
Na verdade, alguns alimentos são capazes de proporcionar efeitos que se assemelham aos de fármacos e desta forma são capazes de afetar a saúde de uma forma positiva.

"Deixe a sua comida ser o seu remédio e o seu remédio ser a sua comida".

Esta frase é da autoria de Hipócrates, e continua a ser tão verdadeira hoje como o foi no seu tempo. A verdade é que os alimentos são a base da medicina preventiva e podem ter efeitos profundos na sua saúde e no seu bem estar.
Vamos então ver alguns exemplos de alimentos que podem realmente beneficiar a sua saúde.

Cogumelo Lion´s Mane (Juba de leão)

Este tipo de fungo bastante usado na cozinha asiática, contem compostos únicos que estimulam a biossíntese de fatores de crescimento de nervos (NGFs). Pensa-se que a degeneração dos nervos, que ocorre de forma natural durante o envelhecimento, contribui para a neurodegeneração e para a perda de capacidades cognitivas.
De acordo com vários estudos, esses NGFs e outros compostos presentes neste tipo de cogumelo, podem ser promover a neurogénese (o crescimento dos neurônios), acelerar a recuperação de danos nervosos e melhorar a capacidade cognitiva de pessoas que sofrem de declínios cognitivos (e talvez até mesmo de pessoas saudáveis):

- Reverte o declínio cognitivo moderado na velhice
- Ajuda a regenerar nervos destruídos de ratos e a recuperar a sua capacidade de caminhar
- Melhora o índice de funcionalidade em pacientes com demência
- Reduz a ansiedade e a depressão nas mulheres

O cogumelo juba de leão também é um nootrópico popular – um suplemento concebido para melhorar a saúde e o funcionamento do cérebro nas pessoas aparentemente livres de declínio cognitivo.
Existe suplementos de cogumelo juba de leão à venda no mercado, mas este alimento é melhor absorvido juntamente com comida. Aparentemente, este cogumelo é delicioso refogado com manteiga. Também o pode misturar em batidos.

Melão amargo

Este é um alimento para usado na medicina tradicional chinesa e também na medicina ayurvédica para tratar a diabetes. Até o caçadores-recolectores africanos usam o melão amargo com frequência.
De acordo com várias investigações, este alimento contem realmente propriedades que podem ajudam a combater a diabetes.
Até hoje foram isolados 4 compostos que têm capacidade de estimular o AMPK. O AMPK regula o metabolismo do combustível e os diabéticos necessitam de uma atividade AMPK elevada porque isso ajuda a mover maiores quantidades de glucose da corrente sanguínea para os músculos. O exercício físico é outro potente estimulador do AMPK.
Um estudo recente comparou o melão amargo ao fármaco metformina. Embora não tenha sido tão eficiente a reduzir os níveis de frutosamina e de glucose sanguínea como a metformina, os seus efeitos foram significativos nos diabéticos do tipo 2.
Ratos com diabetes obtiveram um reinício da regeneração das células-beta após o consumo a longo prazo de extrato em pó de melão amargo. O melão amargo também melhorou o funcionamento do fígado.

Chocolate preto

O chocolate preto diminui a tensão arterial. De fato, o chocolate age como um inibidor da ECA (Enzima Conversora de Angiotensina) de forma semelhante aos inibidores da ECA de origem farmacêutica, mas de forma mais modesta (uma redução de 2-3 pontos tanto na pressão sistólica como diastólica) e sem efeitos secundários.
Ao contrário de outros inibidores da ECA, o cacau melhora o funcionamento vascular através de outro mecanismo: aumento da disponibilidade de óxido nítrico. O aumento dos níveis de óxido nítrico que o chocolate preto proporciona, pode ser eficiente contra a hipertensão resistente aos fármacos.
O chocolate preto também melhora a circulação sanguínea (diminui a rigidez arterial, aumenta a vasodilatação) em vários tipos de populações: diabéticos, fumadores, nos jovens saudáveis, nos idosos saudáveis, nas pessoas obesas, nas mulheres na pós-menopausa, e nos indivíduos com elevado risco de doenças cardiovasculares.
A melhoria do funcionamento vascular também pode ter efeitos no cérebro. Os flavonoides do cacau aumentam a circulação sanguínea nos cérebros de jovens saudáveis durante tarefas cognitivas.
Nos pacientes idosos que sofrem de declínio cognitivo moderado, as doses elevadas de flavonoides de cacau melhoram o funcionamento cerebral, a tensão arterial e a sensibilidade à insulina. Para além disso, o cacau também melhora a disposição mental, mesmo em doses mais reduzidas.
O cacau é mais eficiente nas pessoas que precisam dele – naquelas que sofrem de declínio cognitivo, e as doses elevadas são mais eficientes do que doses mais reduzidas.
Para além disso, a parte de manteiga de cacau do chocolate preto é uma gordura extremamente estável como efeitos hepaprotectores, particularmente quando se ingere álcool.
Quando os ratos seguem uma dieta rica em manteiga de cacau, podem consumir 27.5% de calorias em forma de álcool sem sofrer danos no fígado. Os fenóis do cacau também protegem contra os danos do álcool ao fígado.

Carne vermelha

Para além do seu conteúdo elevado de proteína, ferro, zinco, vitaminas do complexo B e outros nutrientes conhecidos, a carne vermelha é a melhor fonte de carnosina, um nutriente que proporciona vários benefícios ao cérebro.
A carnosina melhora a capacidade cognitiva de pacientes esquizofrênicos, reduz a glicação, protege contra as cataratas, elimina espécies reativas de oxigênio e reduz a toxicidade do malondialdeído, metilglioxal hidroxinonenal, e do acetaldeído.
Os vegetarianos são aqueles que têm menores concentrações de carnosina nos seus músculos. Os suplementos de beta-alanina, que aumentam a quantidade de carnosina nos músculos, também aumentam a quantidade total de trabalho que um atleta consegue realizar.
A carne também é provavelmente a maior fonte natural de creatina, um nutriente que proporciona um aumento da força, da massa muscular e que também melhora o funcionamento do cérebro.
Está provado que a ingestão adicional de carne promove maiores aumentos da massa muscular. São vários os estudos que confirmam os seus efeitos “anabolizantes” e de grande interesse para os praticantes de musculação e também para os idosos que necessitam de combater e reverter a perda de massa muscular causada pela sarcopénia.
Assim sendo, a carne vermelha acaba por ser um alimento de extrema manutenção para a saúde, especialmente para as pessoas que se encontram em maior risco de declínio físico e cognitivo.
Podemos verificar isso num estudo em que as mulheres idosas que seguiram uma dieta rica em carne vermelha obtiveram os maiores ganhos no funcionamento cognitivo e de força muscular, e os vegetarianos – mas não os omnívoros – que se suplementaram com creatina, melhoraram a sua pontuação de funcionamento cerebral.
Muitos outros alimentos oferecem vários outros benefícios que complementam a carne vermelha, mas acredita-se que a carne vermelha é quase insubstituível.

Conclusão


Estes são apenas 4 exemplos de alimentos, dois mais comuns e dois um pouco mais exóticos, que demonstram que os alimentos não servem apenas para nos nutrir, mas que também podem ser usados para efeitos medicinais.
É provável que existam vários outros alimentos cujas propriedades medicinais ainda não tenham sido descobertas e é possível que já tenha ingerido vários hoje. Por isso também é importante ingerir alimentos no seu estado mais próximo do natural.
É difícil manter uma boa saúde com uma má dieta, e não é necessário ler estudos nem sofrer de alguma doença para compreender que os alimentos integrais, não processados, são os melhores para a saúde.
MN

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